Janeiro texto 20/01
Maria, era uma dessas mulheres “pau pra toda obra” como diz o ditado.
Bastava solicitar e lá estava ela. Era considerada a melhor amiga, conselheira , a melhor funcionaria, a vizinha dos sonhos, a filha que qualquer um queria ter, ela estava sempre com um sorriso no rosto. Pra ela não tinha hora e nem dia e todo lugar estava ótimo, para ela nunca existiu pessoa ruim e quando acontecia as fofocas ela sempre complementava dizendo “ nao é bem assim” “mas tem o lado bom” “ acho que você se enganou” “eu tenho certeza que isso tem um lado bom”.
Para cada ocasião Maria tinha uma palavra, uma maneira de apaziguar tudo e fazer com que todos que estavam a sua volta se sentissem bem.
E quantas vezes ela foi dormir chorando, porque tinha sido decepcionada ou subestimada. Quantos comentários maldosos rondaram a sua pessoa. Quantas vezes ela sorriu quando na verdade ela estava se sentindo a mais idiota do mundo.
Na verdade Maria buscava desesperadamente ser aceita, ser amada, ser acolhida e por isso tinha uma coleção de máscaras que serviam para cada ocasião que ela acreditava estar encontrando isso em alguma pessoa que cruzava seu caminho. Com o passar do tempo tudo foi ficando pesado demais e em uma tarde ela estava navegando pelas redes sociais e leu a seguinte pergunta: Quem é você na essência?
E aquela inocente frase lhe pareceu uma afronta, um diploma de boba da corte ela conhecia tudo e todos menos a si mesma. Atrás daquela pergunta vieram muitas outras e respostas que não a deixou nada contente em conhecer.
Foi difícil responder, por exemplo:
Porque não disse NÃO, para aquela pessoa, naquele dia?
Porque fui naquele lugar que eu na verdade nem queria?
Porque eu comprei aquela roupa que eu nem gostei?
Porque eu não dei tal resposta?
Porque eu negligenciei meu sorriso, para ver o sorriso de pessoas que nem se importavam comigo?
Porque entreguei momentos preciosos da minha existência para pessoas e situações que na verdade nunca perderam segundos comigo?
Porque, porque, porque?
Maria poderia até ser carente, solitária e com amor próprio a 0, mas não era boba. Rapidinho ela tomou a decisão de sair daquele lugar, iniciou um processo de resgate pessoal e incrivelmente decepcionou algumas pessoas mas nunca mais a si mesma.
Maria escancarou a porta do seu armário secreto, onde continha uma coleção de máscaras e gentilmente passou a usar uma única que lhe caia bem. A mais perfeita e bonita de todas A PESSOA PESSOA FELIZ E REALIZADA. Aos poucos ela foi entregando as outras máscaras para os seus reais donos e incrivelmente ela descobriu que em alguns que existiam pessoas que por muito tempo alimentaram relacionamentos tóxicos com ela simplesmente por que ela permitiu.
Aquela simples pergunta, trouxe uma expansão de consciência que a levou ao autoconhecimento arrancando-a de uma vez por todas do auto inventamento que ela teria escolhido no passado.
Desde então os sorrisos ficaram mais fáceis e leves, os amigos mais leais, as manhãs mais otimistas e suas tardes repletas de merecimento. Ela fez um pacto definitivo com a felicidade e ela passou a ser o seu maior compromisso.Ela fechou aquele armário e jogou chave fora.
E quantas Marias nesse momento estão zelando da sua coleção de máscaras, para esconder as sua carência, desconsiderar os traumas do passado e evitar passar por processos de evolução pessoal?
Agora eu te pergunto, quem é você na essência?
Escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal. Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou reconstrução de mim mesmo.